O maluco beleza, Raul Seixas dispensa
apresentações, com 26 anos de carreira, 21 discos lançados, firmou-se no
cenário da música e no imaginário cultural brasileiro.
Com interesses em filosofia, história,
misticismo e psicologia, escrevia letras irreverentes. Alguma delas, como Não Pare na Pista, tinham como pano de
fundo os momentos em cima das 4 rodas.
Não pare na pista/ É
muito cedo/ Prá você se acostumar/ Amor não desista/ Se você pára/ O carro pode
te pegar/ Bibi! Fonfon! Pepê!/ Se você pára/ O carro pode te pegar (Let Me Sing My Rock And Roll, 1985).
Também
regravou Rua Augusta, de Hervé
Cordovil.
Entrei na Rua Augusta/ A
120 por hora/ Toquei a turma toda/ Do passeio prá fora/ Com 3 pneus carecas/
Sem usar a buzina (...)Meu carro não tem breque/ Não tem luz/ Não tem buzina/
Tem 3 carburadores/ Todos os 3 envenenados (Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock, 1973).
Mas a música que fez Raul Seixas
estourar nas paradas e transformá-lo em “astro do rock popular brasileiro” foi
o compacto Ouro de Tolo onde critica aspirações
da classe média que apoiou o milagre econômico da ditadura e cita o Corcel, considerado
o Carro do Ano de 1973, pela revista Autoesporte.
Corcel
Em, 1973, o Brasil passava pelo
milagre econômico ao mesmo tempo em que vivia uma política de repressão. É
nesse contexto, que Raul Seixas convoca a imprensa para assistir e transmitir sua
performance em plena av. Rio Branco.
Eu devia estar contente porque eu
tenho um emprego/ Sou o dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros
por mês/ Eu devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso na vida como
artista/ Eu devia estar feliz porque
consegui comprar um Corcel 73 (Krig-ha, Bandolo!,
1973).
O Corcel
73 que o Raulzito cantava tinha ganhado uma grade nova com o logo da Ford
ao centro, novo design para o capô com duas faixas pretas paralelas, pára-lamas
e lanternas traseiras. Ganhou o público e a crítica especializada.
Quando a Ford adquiriu a Willys do
Brasil, comprou junto o Projeto M. Percebendo que ali estava um novo sucesso,
firmou parceria com a Renault, e juntas desenvolveram dois modelos diferentes: Renault
12, para a França e Ford Corcel, para o Brasil.
Lançando em 1969, o primeiro Corcel
era uma sedã com 4 portas, com um motor de quatro cilindros, tinha 1,3 l de
cilindrada e 68 cv de potência.
Entretanto, após o sucesso do Mustang,
a Ford percebeu que havia um tipo novo de consumidor, os compradores de carros
esportivos nacionais. Assim, em 1970, no VII Salão do Automóvel, ao lado de
modelos como Dodge Charger, da Chrysler e do Karmann-Ghia TC da Volkswagen, a
Ford apresentou o Corcel GT, com um visual mais arrojado, capô preto-fosco, com
tomada de ar, motor mais potente - 1,4 l de cilindrada, 85 cv de potência que fazia
de 0 a 100 km/h em 17 segundos e sua velocidade máximo aproximava-se dos 145 km/h.
Foi um sucesso de vendas. E com o lançamento
do Belina, em março de 1970, da versão Perua de luxo em 1972, a linha Corcel
era a mais completa da época.
O Corcel permaneceu com esse desenho
até 1978, quando foi totalmente redesenhado e batizado como Corcel II.
Surgiu também a versão picape, a Pampa.
O Corcel II também vendeu muito bem,
mas em julho de 1986, último Corcel deixava as linhas de produção.
Sua herança ficaria para os outros
modelos:Belina, Pampa e o luxuoso Del Rey.
Fontes:
Pesquisa:
Será - Informação e Memória
www.sera-im.com.br
Revisão:
Amauri Moreira
Imagem de capa:
Mayumi Fujishiro
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